segunda-feira, 14 de junho de 2010

Mas o quê?


O mundo está em crise. É uma realidade com a qual nos cruzamos todos os dias. No entanto, a meu ver, a maior crise que atravessamos não é a económica mas, sim, uma enorme crise de valores.
Não considero que os meus valores são mais certos do que os de seja quem for. Não, não tenho essa presunção. Mas vou explicar o meu ponto de vista baseando-me em factos.
Ora vejamos: se somos um povo que tanto lutou pela sua Liberdade porque é que não somos capazes de respeitar a primeira liberdade que nos aparece pela frente que consiste em respeitar a liberdade do nosso mais próximo? Se o país está em crise económica, se é extremamente importante que haja produtividade, porque senão não conseguimos criar fundos para pagar esta crise, porque é que, por exemplo, os senhores da CP, que sabem que, ao pararem, mesmo que seja das 5 às 10 da manhã, estão a impedir que milhões de pessoas vão trabalhar à hora certa, decidem fazer uma greve de 3 dias? Podia perguntar se estão à espera que, durante estes 3 dias, D. Sebastião finalmente regresse de África (era suposto vir no mesmo avião que o Nani?) e venha salvar-nos mas é tecnicamente impossível que o senhor, ao fim destes séculos todos, ainda se conseguisse levantar nas suas próprias pernas para recuperar seja o que for, mesmo que fosse aparentado do Manoel de Oliveira.
Se todos merecemos respeito e se, para bem de todos, CONVEM-NOS que o país não pare de produzir, porque é que eu fico com a sensação de que os maquinistas da CP apenas estão a olhar para o seu próprio umbigo? Acho MUITO BEM que lutem pelos seus direitos e não os coloco em causa, mas porque é que não se manifestam ao Sábado, ao Domingo ou durante um feriado? Aí, acreditem, havia muito português e emigrante que se manifestava convosco. Sabem porquê? Porque, em grande parte, quem ia entrar nos comboios era para ir até à praia torrar frente-e-verso da caixa torácica. Sabem, eu sei que sabe bem a toda a gente faltar ao trabalho ou ir mais tarde trabalhar, com justificação e tudo. Eu sei. É claro que sei! Mas não acho justo que peçam para serem aumentados quando a taxa de desemprego vai quase em 11% e muito menos quando temos uma dívida, neste momento, quase tão grande como a presunção desses maquinistas de que "o tuga percebe".

- Então mas... MAS O QUÊ?

Acabem com as greves que prejudicam toda a gente que não tem nada a ver com o vosso problema e que não vos pode ajudar. Quem vos pode aumentar, quem vos tem que dar ouvidos NÃO ANDA NOS VOSSOS COMBOIOS, VAI DE MERCEDES e BMW TRABALHAR... e para a praia (mas isto não era para dizer).

Se a memória não me falha, a maior manifestação (ou pelo menos com mais adesão) dos últimos anos foi a dos professores no mandato anterior, contra as medidas de avaliação de Maria de Lurdes Rodrigues. E a que dia da semana calhou? A UM SÁBADO, MEUS CAROS!

E é assim que vejo a nossa crise. Uma crise de valores. Para lutar pelos meus direitos, devo prejudicar os outros? Quem me paga é quem estou a prejudicar? É assim que devo agir? NÃO, SENHORES MAQUINISTAS! Mas... MAS O QUÊ?

Fora isto, vamos tocar noutro ponto delicado e sensível da maioria dos portugueses: as faltas religiosas.
As igrejas estão cada vez mais vazias. As pessoas consideram-se, em muitos casos, cristãos não-praticantes. Não põem os pés na missa, salvo raras excepções (casamentos, baptizados, funerais) e depois usufruem da tolerância para ALEGADAMENTE irem praticar a vossa fé para o Terreiro do Paço? Onde estavam os milhões que não trabalharam, se no Terreiro do Paço não cabia nem metade? Em casa, na praia, no café, no centro comercial... Na melhor das hipóteses, viram o Papa no ecrã gigante do Odivelas Parque, enquanto comiam um Royal Deluxe e esperavam pela sessão das 18:30.

O português pára sempre que pode, não refila nem pestaneja quando lhe dizem que pode faltar ao trabalho mas depois sabe manifestar-se, enquanto prejudica os outros, por mais dinheiro. E onde vão buscar esse dinheiro? Ao bolso dos patrões? Começo a achar que, se não fossem os patrões deste Portugal a fora, a nossa crise era ainda maior.

Artigo 3.º da CRP - Soberania e legalidade - 1) A soberania, una e indivisível, reside no povo, que a exerce segundo as formas previstas na Constituição.

É, o povo é realmente quem mais ordena. Portanto, vou dizer que a culpa desta crise é do Povo. Mas... MAS O QUÊ??? É do Povo, sim. É do Povo esta crise de valores. É do Povo que elegeu quem nos governa. É do Povo que não tem sentido de oportunidade nem conhecimento de causa e é uma espécie de treinador de bancada não só para o Futebol mas principalmente para a Política. Todos têm medidas a aplicar. Todos sabem o que fariam se fossem José Sócrates e Passos Coelho. Todos sabem exactamente onde ir buscar dinheiro para pagar esta crise. Pois eu juro que, se algum dia este Povo desgovernado tiver à sua cabeça um incompetente a sério, esse mesmo incompetente também será parte do Povo e será esse mesmo incompetente, sem conhecimento para tão alto cargo, sem bases para sustentar as medidas aplicadas pelo seu parco esgar de conhecimento económico-financeiro... Será esse Zé que nos vai levar ao nada, ao buraco mais negro em que vamos entrar. E de quem é a culpa de toda esta crise de valores que nos levou, também ela, à crise económica em que nos metemos? É do Povo!
Sim, o Zeinal Bava ganha milhões e o salário mínimo não chega sequer a 500€. Mas sabem uma coisa? Ele faz a PT lucrar mais milhões ainda, enquanto o Zé que trabalha no café do tio por 500€, sempre que pode, bebe cafés grátis, rouba pastilhas, mete o dinheiro da conta ao bolso e não pestaneja quando se trata de receber o subsídio de desemprego para acumular a esses 500€. Só tem mesmo que se apresentar uma vez por mês. E como Zé do café, há o Zé da universidade que recebe pensões de alimentos, abonos, entre outros, a que já nem devia ter direito e dá-se ao luxo de gastar mais uns trocos para arranjar documentos que não existem... só para não deixar de receber o seu "por fora". Porque a crise de valores permite que o Povo receba por fora, mas não permite que os grandes senhores recebam "por dentro". Porque a crise permite que se diga tudo, mas, ao que parece, não permite que se faça nada.

PORQUE O TUGA É UM MOLENGÃO, NÃO LUTA PELOS SEUS DIREITOS COMO UMA FAMÍLIA, APESAR DE NÃO FAZER MAIS NADA SENÃO RESMUNGAR E LAMENTAR-SE DA MERDA DE VIDA QUE TEM e, quando decide manifestar-se, NÃO RESPEITA OS OUTROS COMO SEUS IGUAIS!

AQUI, É UM CONTRA TODOS E NUNCA UM POR TODOS... ABAIXO O GOVERNO? NÃO! ABAIXO O POVO!