domingo, 4 de julho de 2010

Rod Stewart - The Way You Look Tonight

É ao som de grandes e velhas canções que se pensam nas coisas mais belas da vida. Um céu estrelado. Um cobertor a tapar teimosamente o luar do mar bravo e gelado. Uma manta que envolve dois corpos suados. Um amor sem igual, genuíno, desprotegido da violência do mundo corrente. E ao fundo do corredor a tua silhueta no escuro... o teu sorriso tímido a transparecer pela luz da janela da noite mais escura... O toque dos teus dedos no cabelo... A minha felicidade.
Nove meses. Nove meses se passaram desde o dia em que a ironia e o acaso nos colocaram de chocolate quente na mão. E na mesinha de cabeceira a arrefecer enquanto benzíamos de paixão a pedra basilar do que nos uniu. Foi o toque da tua alma que despertou o meu coração e não a tua mão quente nas minhas costas. Foi o bater do teu coração que me acordou desse transe em que estava antes de ti e não a força dos teus dedos contra o meu pescoço. Foi o amor e não as tuas palavras... Sim, o amor que senti nelas que me fez amar-te assim.
E é com esse amor que te revejo nesta música como se fosse um anel no teu dedo.



Someday, when I'm awfully low
When the world is cold
I will feel a glow just thinking of you
And the way you look tonight

You're so lovely, with your smile so warm
And your cheeks so soft
There is nothing for me but to love you
And the way you look tonight

With each word your tenderness grows
Tearing my fears apart
And that laugh that wrinkles your nose
Touches my foolish heart

Yes you're lovely, never ever change
Keep that breathless charm
Won't you please arrange it?
'Cause I love you
Just the way you look tonight

With each word your tenderness grows
Tearing my fears apart
And that laugh that wrinkles your nose
Touches my foolish heart

Yes you're lovely, never ever change
Keep that breathless charm
Won't you please arrange it?
'Cause I love you
Just the way you look tonight
Just the way you look tonight
Darling
Just the way you look tonight

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Mas o quê?


O mundo está em crise. É uma realidade com a qual nos cruzamos todos os dias. No entanto, a meu ver, a maior crise que atravessamos não é a económica mas, sim, uma enorme crise de valores.
Não considero que os meus valores são mais certos do que os de seja quem for. Não, não tenho essa presunção. Mas vou explicar o meu ponto de vista baseando-me em factos.
Ora vejamos: se somos um povo que tanto lutou pela sua Liberdade porque é que não somos capazes de respeitar a primeira liberdade que nos aparece pela frente que consiste em respeitar a liberdade do nosso mais próximo? Se o país está em crise económica, se é extremamente importante que haja produtividade, porque senão não conseguimos criar fundos para pagar esta crise, porque é que, por exemplo, os senhores da CP, que sabem que, ao pararem, mesmo que seja das 5 às 10 da manhã, estão a impedir que milhões de pessoas vão trabalhar à hora certa, decidem fazer uma greve de 3 dias? Podia perguntar se estão à espera que, durante estes 3 dias, D. Sebastião finalmente regresse de África (era suposto vir no mesmo avião que o Nani?) e venha salvar-nos mas é tecnicamente impossível que o senhor, ao fim destes séculos todos, ainda se conseguisse levantar nas suas próprias pernas para recuperar seja o que for, mesmo que fosse aparentado do Manoel de Oliveira.
Se todos merecemos respeito e se, para bem de todos, CONVEM-NOS que o país não pare de produzir, porque é que eu fico com a sensação de que os maquinistas da CP apenas estão a olhar para o seu próprio umbigo? Acho MUITO BEM que lutem pelos seus direitos e não os coloco em causa, mas porque é que não se manifestam ao Sábado, ao Domingo ou durante um feriado? Aí, acreditem, havia muito português e emigrante que se manifestava convosco. Sabem porquê? Porque, em grande parte, quem ia entrar nos comboios era para ir até à praia torrar frente-e-verso da caixa torácica. Sabem, eu sei que sabe bem a toda a gente faltar ao trabalho ou ir mais tarde trabalhar, com justificação e tudo. Eu sei. É claro que sei! Mas não acho justo que peçam para serem aumentados quando a taxa de desemprego vai quase em 11% e muito menos quando temos uma dívida, neste momento, quase tão grande como a presunção desses maquinistas de que "o tuga percebe".

- Então mas... MAS O QUÊ?

Acabem com as greves que prejudicam toda a gente que não tem nada a ver com o vosso problema e que não vos pode ajudar. Quem vos pode aumentar, quem vos tem que dar ouvidos NÃO ANDA NOS VOSSOS COMBOIOS, VAI DE MERCEDES e BMW TRABALHAR... e para a praia (mas isto não era para dizer).

Se a memória não me falha, a maior manifestação (ou pelo menos com mais adesão) dos últimos anos foi a dos professores no mandato anterior, contra as medidas de avaliação de Maria de Lurdes Rodrigues. E a que dia da semana calhou? A UM SÁBADO, MEUS CAROS!

E é assim que vejo a nossa crise. Uma crise de valores. Para lutar pelos meus direitos, devo prejudicar os outros? Quem me paga é quem estou a prejudicar? É assim que devo agir? NÃO, SENHORES MAQUINISTAS! Mas... MAS O QUÊ?

Fora isto, vamos tocar noutro ponto delicado e sensível da maioria dos portugueses: as faltas religiosas.
As igrejas estão cada vez mais vazias. As pessoas consideram-se, em muitos casos, cristãos não-praticantes. Não põem os pés na missa, salvo raras excepções (casamentos, baptizados, funerais) e depois usufruem da tolerância para ALEGADAMENTE irem praticar a vossa fé para o Terreiro do Paço? Onde estavam os milhões que não trabalharam, se no Terreiro do Paço não cabia nem metade? Em casa, na praia, no café, no centro comercial... Na melhor das hipóteses, viram o Papa no ecrã gigante do Odivelas Parque, enquanto comiam um Royal Deluxe e esperavam pela sessão das 18:30.

O português pára sempre que pode, não refila nem pestaneja quando lhe dizem que pode faltar ao trabalho mas depois sabe manifestar-se, enquanto prejudica os outros, por mais dinheiro. E onde vão buscar esse dinheiro? Ao bolso dos patrões? Começo a achar que, se não fossem os patrões deste Portugal a fora, a nossa crise era ainda maior.

Artigo 3.º da CRP - Soberania e legalidade - 1) A soberania, una e indivisível, reside no povo, que a exerce segundo as formas previstas na Constituição.

É, o povo é realmente quem mais ordena. Portanto, vou dizer que a culpa desta crise é do Povo. Mas... MAS O QUÊ??? É do Povo, sim. É do Povo esta crise de valores. É do Povo que elegeu quem nos governa. É do Povo que não tem sentido de oportunidade nem conhecimento de causa e é uma espécie de treinador de bancada não só para o Futebol mas principalmente para a Política. Todos têm medidas a aplicar. Todos sabem o que fariam se fossem José Sócrates e Passos Coelho. Todos sabem exactamente onde ir buscar dinheiro para pagar esta crise. Pois eu juro que, se algum dia este Povo desgovernado tiver à sua cabeça um incompetente a sério, esse mesmo incompetente também será parte do Povo e será esse mesmo incompetente, sem conhecimento para tão alto cargo, sem bases para sustentar as medidas aplicadas pelo seu parco esgar de conhecimento económico-financeiro... Será esse Zé que nos vai levar ao nada, ao buraco mais negro em que vamos entrar. E de quem é a culpa de toda esta crise de valores que nos levou, também ela, à crise económica em que nos metemos? É do Povo!
Sim, o Zeinal Bava ganha milhões e o salário mínimo não chega sequer a 500€. Mas sabem uma coisa? Ele faz a PT lucrar mais milhões ainda, enquanto o Zé que trabalha no café do tio por 500€, sempre que pode, bebe cafés grátis, rouba pastilhas, mete o dinheiro da conta ao bolso e não pestaneja quando se trata de receber o subsídio de desemprego para acumular a esses 500€. Só tem mesmo que se apresentar uma vez por mês. E como Zé do café, há o Zé da universidade que recebe pensões de alimentos, abonos, entre outros, a que já nem devia ter direito e dá-se ao luxo de gastar mais uns trocos para arranjar documentos que não existem... só para não deixar de receber o seu "por fora". Porque a crise de valores permite que o Povo receba por fora, mas não permite que os grandes senhores recebam "por dentro". Porque a crise permite que se diga tudo, mas, ao que parece, não permite que se faça nada.

PORQUE O TUGA É UM MOLENGÃO, NÃO LUTA PELOS SEUS DIREITOS COMO UMA FAMÍLIA, APESAR DE NÃO FAZER MAIS NADA SENÃO RESMUNGAR E LAMENTAR-SE DA MERDA DE VIDA QUE TEM e, quando decide manifestar-se, NÃO RESPEITA OS OUTROS COMO SEUS IGUAIS!

AQUI, É UM CONTRA TODOS E NUNCA UM POR TODOS... ABAIXO O GOVERNO? NÃO! ABAIXO O POVO!

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Esta rede de pesca que são as redes sociais

Esta coisa das Redes Sociais funciona um bocado como as redes de pesca. Sim, a frase cai aqui um bocado do céu mas foi mesmo assim que comecei a pensar neste assunto.
Quando publicamos fotos, vídeos, actualizamos estados civis ou escrevemos uma nota (como é o caso), há sempre alguém que vê, mesmo quando aquela tal foto, vídeo ou nota não tem um único comentário. O Facebook, neste caso, é o objecto de análise.

Nós brincamos, escrevemos e até tentamos dar numa de "tou nem aí" para o que os outros publicam, mas não conseguimos porque o ser humano tende a reagir ao que vê e ao que lê também. Mas as reacções, essas, já variam de pessoa para pessoa tendo em conta o feitio, a formação e muitos outros factores associados. É por isso que não me chateia nada escrever e escrever e voltar a escrever notas, feeds e afins. Há sempre alguém que acaba por ler... mesmo que 1 semana mais tarde. E por vezes deparamo-nos até com os comentários que essas pessoas fazem não no que publicámos mas nos seus perfis, nas suas notas ou até nas suas próprias fotos. É giro e dá vontade de continuar sempre e sempre a escrever, a responder, a fazer uma série de coisas... Mas também cheguei à conclusão de que não vale a pena. Por um de dois motivos: ou se começa a fazer spam e as coisas deixam de fazer sequer sentido estarem ali porque são demasiado privadas ou demasiado treta ou então vamos acabar por criar discussões que não valem a pena ser tidas, isto quando se trata de algo mau ou assim-assim.
É por essas e por outras que me abstenho de comentar reacções das pessoas a algumas notas minhas bem como os comentários feitos por essas pessoas noutros locais que não as próprias notas. Ah! Comentei um ou dois comentários (o que é sempre belo de se dizer) nos meus feeds publicitário a duas das minhas notas... mas abstenho-me de tecer mais comentários aos comentários feitos aos meus comentários o que, se virem na teoria, é realmente ridículo. Por isso, não me importo nada quando as pessoas não comentam, porque estariam a comentar um comentário e eu depois teria que comentar o comentário ao meu comentário e depois a pessoa iria acabar por comentar o meu comentário ao seu comentário do meu comentário e às tantas perdia-se o fio à meada e estaríamos a ter conversa de café o que, para uma nota de Facebook, é demais, porque ainda não tem nem mesa, nem cadeiras, nem tabaco e muito menos cafés.


Porque a fuga à rede traz-nos experiências únicas ou vulgarmente apetecíveis

Portanto, como comecei por dizer, as redes sociais funcionam um bocado como as redes de pesca. E porquê, ao fim e ao cabo? Porque, tal como visto no exemplo anterior, se formos pescar com uma rede aquilo que interessa realmente em toda a sociedade (neste caso em rede), chegamos à conclusão que acabamos por dar aos outros informações desnecessárias e às vezes até perigosas e que podem ser usadas contra nós. O Facebook já pergunta quem são os vossos filhos e pais, por exemplo. Não vos assusta pensar que, se alguém que não gosta de vocês e tem más intenções entrar no vosso perfil, o que não é muito difícil com estas redes, e vir lá a vossa filha ou filho, pode perfeitamente chegar até à criança? É só um mero exemplo mas acho que faz sentido reflectir sobre as informações que damos a estranhos que visitam o nosso perfil. E como nesta rede de pesca que é o Facebook é possível encontrar de tudo, também encontramos comentários desnecessários, desconexos e até descontextualizados daquilo ou da pessoa a quem se dirigem... Mas é engraçado perceber que, tarde ou cedo, as coisas são vistas por quem tinham de o ser e ao que parece moem o juízo a quem de direito. É pena é que nem toda a gente possa levar as coisas como elas são para ser tidas e algumas levem as coisas para a agressão, para a acusação descabida e até para o ridículo de apontar o dedo aos outros apenas por estes terem percebido que são acusados do ridículo e julgados culpados pela mesquinhez e falta de escrúpulos de outrem.

Nesta rede de pesca que é o Facebook, por vezes, damo-nos conta de que deixámos muitas coisas para trás. Encontramos antigos colegas de escola que não vemos há quase 10 anos, encontramos velhos amigos de infância, descobrimos informações sobre pessoas que queremos conhecer, que nos despertam interesse ou que simplesmente não suportamos (o que requer que saibamos ainda mais sobre elas, segundo reza a lei do "mantém os teus amigos perto mas os teus inimigos ainda mais"), que podemos eventualmente vir a casar um dia mas que não sabemos, etc... No fundo, é possível, hoje em dia, através destas redes sociais, começar o dia a trocar feeds com um antigo colega de escola e acabar a noite a beber um café com ele. E da mesma forma o oposto. Pode começar-se o dia empregados e terminar-se o dia despedidos por justa causa por estarmos no nosso horário de expediente no Facebook (os feeds têm um lado bom e mau, não é?). Da mesma forma, amizades começam nas redes e terminam nas redes. As redes criam-nos dúvidas a respeito do que achamos de alguém mas também nos dão certezas de que realmente A, B ou C são cretinos, têm mau carácter ou simplesmente não sabem ser nem estar. As redes viciam-nos na socialização online mas roubam-nos ao verdadeiro convívio social. As redes até já têm grupos de desintoxicação, passo a expressão, para pessoas viciadas nas redes.

As redes sociais são verdadeiras redes de pesca porque aquilo que queremos apanhar delas, fazem com que deixemos cair, pelos largos buracos desta rede, oportunidades que eventualmente nos dariam muito mais frutos, mais felicidade e até vidas melhores. Portanto, o meu bem-haja a todos aqueles que se consideram e gostam de ser, como diz o meu tio, info-excluídos. Esses, sim, no final das contas serão capazes de dizer que não se podem arrepender de nada do que fizeram: não deixaram de levar o cão à rua para tratar dos animais da quinta; não deixaram de fazer um jantar especial à namorada ou ao namorado porque estavam a fazer quiche no café e sushi no restaurante; não deixaram de arrumar a casa porque estavam a limpar a casa dos animais dos outros; não deixaram de rir, de chorar, de sofrer, de namorar, de aprender com a experiência, de conhecer pessoas novas, de sentir emoções vivas em tempo realmente real em detrimento de uma vida sentada numa cadeira ou deitada numa cama onde temos acesso a tudo mas não podemos tocar em nada; uma vida em que, por mais realista que seja, não temos reacções realmente reais ao que vemos, lemos e ouvimos; uma vida na qual não cheiramos os pratos que cozinhamos, não fazemos festas aos animais que alimentamos, não nos molhamos com a água que precisamos para lavar o nosso pet.

Sim, eu também jogo tudo isto que mencionei, confesso. Qual a diferença? Eu perco todos os dias a melhor hora dos feeds do Facebook (que naturalmente é a mesma do horário nobre televisivo) porque não abdico de rir, de chorar, de sentir, de ser.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Continuo a acreditar que tenho razão.

Se calhar sou eu que sou demasiado picuinhas ou então é mesmo porque o meu sentido de humor hoje ficou em casa mas não consigo achar que a capa do jornal Metro de hoje tenha ponta por onde se lhe pegue.


Ora vejamos:





Esta foi a capa do dito jornal gratuito no dia de hoje, portanto, dia 18 de Maio de 2010.
Será só impressão minha ou o jornal conseguiu gozar brutalmente com a cara e com o fato de Aníbal Cavaco Silva que não é Ministro, não é Primeiro-Ministro mas Presidente da República, portanto, o mais alto chefe de Estado do nosso país? É que o jornal não é só simplesmente um jornal a que QUALQUER PESSOA pode ter acesso, já que é distribuído no metro e em outros locais de Lisboa (e acho que do Porto também) como também é possível aceder a este e lê-lo integralmente no site do jornal.
Vamos por partes, então, já que, a meu ver isto tem 3 grandes falhas:

1º Cavaco deu o nó a quê? Que eu saiba, o senhor Presidente da República não era nem foi oficial da Marinha, mas corrijam-me se estiver errada. Portanto, não deu o nó à corda.

2º Cavaco, não tendo dado o nó a uma corda, deu o nó, no sentido figurativo, casando com quem? É de conhecimento geral que o Presidente é casado com Maria Cavaco Silva há vários e vários anos. Portanto, os mais má-línguas podem até dizer que isto é uma acusação de bigamia que, em Portugal, ao contrário de alguns países ali para os lados da Ásia, ainda é proibido.

3º Eu não acho que seja de todo normal vestir um Presidente da República com as cores da bandeira gay, apenas por divertimento e porque tem piada, na capa de um jornal recorrendo ao Photoshop. Acho que é uma tremenda falta de respeito até para com a figura do senhor. E porquê?
É simples:
1 - ele é contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo e só promulgou a lei por questões de estabilidade;
2 - ele não é gay e tem uma família, incluindo netos e filhos que eventualmente tiveram um dia algo complicado depois de verem esta capa mas principalmente depois de os outros a verem;
3 - duvido que lhe tenha sido pedida autorização para fazer isto não numa imagem qualquer que circula net a fora mas na capa de um jornal lido por milhões de pessoas (sim, milhões!);
4 - o metro, barato ou grátis, caro ou de borla, é um meio de comunicação social lido e relido vezes ao dia por muita gente, portanto, como veículo de informação que é deve ser coerente, credível, sério e não uma qualquer espécie de revista cor-de-rosa, porque se trata ali de notícias e não de boatos.

Se calhar fui eu que acordei de mau humor e deixei-o ficar a dormir em casa no meu lugar, mas isto, para mim, venha quem vier dizer-me o contrário, era motivo para o senhor Presidente da República processar o Metro e pedir um pedido de desculpas formal na próxima edição do mesmo (ou seja, na edição de amanhã).
Peço desculpa pela falta de humor hoje. Se vos apetecer, fechem a janela ou enviem comentários a criticar o facto de eu estar "armada aos cucos" mas tenho direito à minha opinião e apenas a estou a dar. Eu até era para falar na Salada de Bacalhau com Grão mas vou deixar isso para amanhã que me parece mais lógico falar disto hoje.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Psicoses escritas e ditas

Há uma coisa que me apoquenta constantemente. Sempre tive uma psicose muito grande com erros de português, apesar de, volta e meia, também largar o meu. Geralmente é quando estou a comentar fotos que "já nem sei que lhes diga" ou a escrever coisas que "não interessam nem ao menino Jesus" (que, no fundo, já era um homem feito quando morreu e, quando pequeno, tinha mais interesse pela carpintaria... o que eventualmente poderá explicar o porquê de não lhe interessar).
Ora bem (expressão muito usada por um professor lá da ESCS que não vale a pena dizer o nome), vamos por partes, como diria Jack, o Estripador.

Primeira parte - Os come letras
Há pessoas que comem letras quando falam. Digo isto porque se nota que algumas pessoas têm uma forma de falar subnutrida na qual, enquanto falam, comem letras e às vezes até silabas inteiras.

Exemplo: Marlboro
Qual é a dificuldade de dizer Marlboro pronunciando todas as letras? Se as pessoas conseguem dizer Nuno Markl, Marília, MARL (Mercado Abastecedor da Região de Lisboa) ou Marlene (desculpa, tia!), porque é que comem o R e o L e às vezes até os dois? Eu era capaz de jurar que há pessoas que fumam todos os dias 4 marcas diferentes do mesmo tabaco. De manhã, depois do pequeno-almoço, vão ao café e pedem "É um Marlboro, por favor". Fumam o primeiro cigarro do dia e lá vão trabalhar. Chegam ao trabalho, depois de levar com o suor daquelas pessoas que às 8 da manhã já cheiram mal e deixam uma pessoa mal disposta logo no autocarro, e o colega da secção de Contabilidade pergunta-lhes: "Arranjas-me um cigarro? Ah! É Marboro? Também já fumei disso...". É o enjoo! Segue uma manhã de árduo trabalho e de ressaca psicológica por três minutos de sossego sem ouvir a Maria da recepção a conversar com a mãe ao telefone e por um cigarro. Ao almoço, depois de comido o esparguete com atum que se fez, já sem vontade de fazer nada, na noite anterior, vai-se ao terraço do edifício e fuma-se um cigarrito com o café da máquina do 1º andar (que dizem que é melhor do que o da do último piso, apesar de serem da mesma marca... ou então é só para meter conversa. Foi o que me disseram no elevador!). Chega a Marta dos Recursos Humanos e exclama como se fosse uma pessoa de extrema inteligência: "Sabes que fumar mata? E essa porcaria do Malboro tem uns aditivos que já ouvi dizer que são ainda piores!". Se fosse eu, perdia logo a vontade de fumar e deixava o vício logo ali. Mas a coisa ainda piora! Por volta das 18 horas, quando se chega a casa, está a empregada a ir embora, depois de uma maratona de Fátima Lopes ao abrigo da nossa conta da electricidade. E diz ela assim, entre os parcos dentes que lhe sobram na boca: "Olhe que encontrei ali um pacote de Maboro que deve ser seu!". É A MORTE À BEIRA DO ABISMO!!! QUATRO MARCAS NUM MESMO MAÇO DE 20 CIGARROS???
Mas há outros flagelos iguais... Como é o caso do Pograma e da Runião! É que a empregada não esteve a ver a Fátima Lopes apenas, esteve a ver algo de sobre-humano que dá pelo nome de POGRAMA enquanto eu estava numa RUNIÃO! O "Pufessor", que deve ser o tipo que faz Puffs e nas horas vagas é docente, devia ter-lhes ensinado que as letras só se comem na sopa mas tocou para o intervalo e já ninguém o ouviu.

Segunda Parte - Os troca letras
Posto isto, resta dizer que a senhora que apresenta o dito espectáculo se chama, na verdade, Fátema e não Fátima. Quando eu era miúda, na terra do meu avô, havia uma família em que a mãe, muito boa pessoa, tinha a triste infelicidade de ter de cuidar, já em idade de pós-reforma, de três irmãos todos eles com alcunhas estranhas. Um era Cão Velho desde novo, o outro não me lembro e o de que vos vou falar dava pelo nome, segundo pronuncia das pessoas, de Corvinho. Quando o senhor morreu, há uns anos, descobri que não era Corvinho coisa nenhuma! No norte, eu ouvia "Corbinhe" ou "Corbim" e pensava "É corvinho, só pode!" e era o que lhe chamava. Mas, na realidade, aquilo virou alcunha porque as pessoas não sabiam dizer o nome dele que era, nem mais nem menos do que... Querubim! Não que ele fosse um anjo mas, se eu passasse a vida inteira a ouvir chamarem-me por um nome que não era o meu, pedia a beatificação imediata pós-morte da minha pessoa. Eu não, quem cá ficasse teria que a pedir, claro que, como diz o meu avô, quando morrer não vou, os outros é que me levam.
Como estes dois exemplos, há também o velho "Há-des cá vir" que deve ser alguma menção ao senhor dos infernos; o "Vocês hadem ver", que vem na mesma lógica mas já numa forma mais sofisticada; o "É só controlar a rotunda" porque é suposto sairmos do carro, fazermos de sinaleiro e só depois, sim, voltarmos ao veículo e contornarmos a rotunda como é de lei; entre tantos e tantos outros casos de que nem vale a pena falar senão perco a fome para o jantar.

Terceira e última parte - Os prefixionistas e os sufixionistas
São duas raças da mesma espécie de indivíduo. Os que prefixam de mais e os que sufixam de mais. No norte, e não censuro ninguém, ninguém se chama Ana ou bebe água. Na verdade, a quando do baptismo, a moça, cristãmente, passa a chamar-se Iana e o padre baptiza-a usando Iágua Benta. Há ainda a variante da Auga que é mais rebuscada mas também se usa. Eu já vi uma pessoa também escrever Voi e Baca num caderno mas não digo quem foi. Há aqueles que não só ouvem como atingem o orgasmo enquanto o fazem que são os que "Escoitam". Quantas vezes ouvi lá naquela tal terra do Querubim a expressão: "Cala-te e escoita!". As pessoa não vêm antes vêm "inhantes" ou "aquando a mim" que é como quem diz "ao mesmo tempo que eu". E depois há as pessoas que pensam que para falar brasileiro é só acrescentar o sufixo "tchi" no meio ou final. Tipo "Qui bonitchinho!" ou "O cara feiz um sketchi de comédjia" e por aí fora... Mas isto não são pessoas que me enervem, são pessoas que me fazem rir até... As que me causam urticária são as que dizem Vistes, Ouvistes, Fizestes, Comestes e outros afins... Em que pessoa está conjugado o verbo??? "Ouve lá, fizestes figura de ursa quando abristes a boca!" e eu respondia "E tu acabaste de seguir o meu exemplo!".

E pronto... Pior do que isto, só mesmo as pessoas que escrevem "às veSes", "Ás de cá vir" e "Apresenta-mos o relatório". Há lá coisa pior do que o mau português? Começo a achar é que eu é que estou errada, porque já me dizem que tenho mau feitio e que é mau da minha parte corrigir as pessoas mas, se eu não as corrigir, elas continuam a dizer asneiras e, nalguns casos, quando falam ou escrevem para alguém que sabe ler e escrever, são motivo de riso. Opa, pronto... Se calhar escrever e falar mal é um acto de pura comédia que, na loucura da coisa, se instituiu no nosso país como um hábito e ninguém me convidou para a festa.

Desculpem lá o mau jeito... Mas tinha que desabafar isto antes de jantar senão os bifes de cebolada não entravam!