quinta-feira, 27 de maio de 2010

Esta rede de pesca que são as redes sociais

Esta coisa das Redes Sociais funciona um bocado como as redes de pesca. Sim, a frase cai aqui um bocado do céu mas foi mesmo assim que comecei a pensar neste assunto.
Quando publicamos fotos, vídeos, actualizamos estados civis ou escrevemos uma nota (como é o caso), há sempre alguém que vê, mesmo quando aquela tal foto, vídeo ou nota não tem um único comentário. O Facebook, neste caso, é o objecto de análise.

Nós brincamos, escrevemos e até tentamos dar numa de "tou nem aí" para o que os outros publicam, mas não conseguimos porque o ser humano tende a reagir ao que vê e ao que lê também. Mas as reacções, essas, já variam de pessoa para pessoa tendo em conta o feitio, a formação e muitos outros factores associados. É por isso que não me chateia nada escrever e escrever e voltar a escrever notas, feeds e afins. Há sempre alguém que acaba por ler... mesmo que 1 semana mais tarde. E por vezes deparamo-nos até com os comentários que essas pessoas fazem não no que publicámos mas nos seus perfis, nas suas notas ou até nas suas próprias fotos. É giro e dá vontade de continuar sempre e sempre a escrever, a responder, a fazer uma série de coisas... Mas também cheguei à conclusão de que não vale a pena. Por um de dois motivos: ou se começa a fazer spam e as coisas deixam de fazer sequer sentido estarem ali porque são demasiado privadas ou demasiado treta ou então vamos acabar por criar discussões que não valem a pena ser tidas, isto quando se trata de algo mau ou assim-assim.
É por essas e por outras que me abstenho de comentar reacções das pessoas a algumas notas minhas bem como os comentários feitos por essas pessoas noutros locais que não as próprias notas. Ah! Comentei um ou dois comentários (o que é sempre belo de se dizer) nos meus feeds publicitário a duas das minhas notas... mas abstenho-me de tecer mais comentários aos comentários feitos aos meus comentários o que, se virem na teoria, é realmente ridículo. Por isso, não me importo nada quando as pessoas não comentam, porque estariam a comentar um comentário e eu depois teria que comentar o comentário ao meu comentário e depois a pessoa iria acabar por comentar o meu comentário ao seu comentário do meu comentário e às tantas perdia-se o fio à meada e estaríamos a ter conversa de café o que, para uma nota de Facebook, é demais, porque ainda não tem nem mesa, nem cadeiras, nem tabaco e muito menos cafés.


Porque a fuga à rede traz-nos experiências únicas ou vulgarmente apetecíveis

Portanto, como comecei por dizer, as redes sociais funcionam um bocado como as redes de pesca. E porquê, ao fim e ao cabo? Porque, tal como visto no exemplo anterior, se formos pescar com uma rede aquilo que interessa realmente em toda a sociedade (neste caso em rede), chegamos à conclusão que acabamos por dar aos outros informações desnecessárias e às vezes até perigosas e que podem ser usadas contra nós. O Facebook já pergunta quem são os vossos filhos e pais, por exemplo. Não vos assusta pensar que, se alguém que não gosta de vocês e tem más intenções entrar no vosso perfil, o que não é muito difícil com estas redes, e vir lá a vossa filha ou filho, pode perfeitamente chegar até à criança? É só um mero exemplo mas acho que faz sentido reflectir sobre as informações que damos a estranhos que visitam o nosso perfil. E como nesta rede de pesca que é o Facebook é possível encontrar de tudo, também encontramos comentários desnecessários, desconexos e até descontextualizados daquilo ou da pessoa a quem se dirigem... Mas é engraçado perceber que, tarde ou cedo, as coisas são vistas por quem tinham de o ser e ao que parece moem o juízo a quem de direito. É pena é que nem toda a gente possa levar as coisas como elas são para ser tidas e algumas levem as coisas para a agressão, para a acusação descabida e até para o ridículo de apontar o dedo aos outros apenas por estes terem percebido que são acusados do ridículo e julgados culpados pela mesquinhez e falta de escrúpulos de outrem.

Nesta rede de pesca que é o Facebook, por vezes, damo-nos conta de que deixámos muitas coisas para trás. Encontramos antigos colegas de escola que não vemos há quase 10 anos, encontramos velhos amigos de infância, descobrimos informações sobre pessoas que queremos conhecer, que nos despertam interesse ou que simplesmente não suportamos (o que requer que saibamos ainda mais sobre elas, segundo reza a lei do "mantém os teus amigos perto mas os teus inimigos ainda mais"), que podemos eventualmente vir a casar um dia mas que não sabemos, etc... No fundo, é possível, hoje em dia, através destas redes sociais, começar o dia a trocar feeds com um antigo colega de escola e acabar a noite a beber um café com ele. E da mesma forma o oposto. Pode começar-se o dia empregados e terminar-se o dia despedidos por justa causa por estarmos no nosso horário de expediente no Facebook (os feeds têm um lado bom e mau, não é?). Da mesma forma, amizades começam nas redes e terminam nas redes. As redes criam-nos dúvidas a respeito do que achamos de alguém mas também nos dão certezas de que realmente A, B ou C são cretinos, têm mau carácter ou simplesmente não sabem ser nem estar. As redes viciam-nos na socialização online mas roubam-nos ao verdadeiro convívio social. As redes até já têm grupos de desintoxicação, passo a expressão, para pessoas viciadas nas redes.

As redes sociais são verdadeiras redes de pesca porque aquilo que queremos apanhar delas, fazem com que deixemos cair, pelos largos buracos desta rede, oportunidades que eventualmente nos dariam muito mais frutos, mais felicidade e até vidas melhores. Portanto, o meu bem-haja a todos aqueles que se consideram e gostam de ser, como diz o meu tio, info-excluídos. Esses, sim, no final das contas serão capazes de dizer que não se podem arrepender de nada do que fizeram: não deixaram de levar o cão à rua para tratar dos animais da quinta; não deixaram de fazer um jantar especial à namorada ou ao namorado porque estavam a fazer quiche no café e sushi no restaurante; não deixaram de arrumar a casa porque estavam a limpar a casa dos animais dos outros; não deixaram de rir, de chorar, de sofrer, de namorar, de aprender com a experiência, de conhecer pessoas novas, de sentir emoções vivas em tempo realmente real em detrimento de uma vida sentada numa cadeira ou deitada numa cama onde temos acesso a tudo mas não podemos tocar em nada; uma vida em que, por mais realista que seja, não temos reacções realmente reais ao que vemos, lemos e ouvimos; uma vida na qual não cheiramos os pratos que cozinhamos, não fazemos festas aos animais que alimentamos, não nos molhamos com a água que precisamos para lavar o nosso pet.

Sim, eu também jogo tudo isto que mencionei, confesso. Qual a diferença? Eu perco todos os dias a melhor hora dos feeds do Facebook (que naturalmente é a mesma do horário nobre televisivo) porque não abdico de rir, de chorar, de sentir, de ser.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Continuo a acreditar que tenho razão.

Se calhar sou eu que sou demasiado picuinhas ou então é mesmo porque o meu sentido de humor hoje ficou em casa mas não consigo achar que a capa do jornal Metro de hoje tenha ponta por onde se lhe pegue.


Ora vejamos:





Esta foi a capa do dito jornal gratuito no dia de hoje, portanto, dia 18 de Maio de 2010.
Será só impressão minha ou o jornal conseguiu gozar brutalmente com a cara e com o fato de Aníbal Cavaco Silva que não é Ministro, não é Primeiro-Ministro mas Presidente da República, portanto, o mais alto chefe de Estado do nosso país? É que o jornal não é só simplesmente um jornal a que QUALQUER PESSOA pode ter acesso, já que é distribuído no metro e em outros locais de Lisboa (e acho que do Porto também) como também é possível aceder a este e lê-lo integralmente no site do jornal.
Vamos por partes, então, já que, a meu ver isto tem 3 grandes falhas:

1º Cavaco deu o nó a quê? Que eu saiba, o senhor Presidente da República não era nem foi oficial da Marinha, mas corrijam-me se estiver errada. Portanto, não deu o nó à corda.

2º Cavaco, não tendo dado o nó a uma corda, deu o nó, no sentido figurativo, casando com quem? É de conhecimento geral que o Presidente é casado com Maria Cavaco Silva há vários e vários anos. Portanto, os mais má-línguas podem até dizer que isto é uma acusação de bigamia que, em Portugal, ao contrário de alguns países ali para os lados da Ásia, ainda é proibido.

3º Eu não acho que seja de todo normal vestir um Presidente da República com as cores da bandeira gay, apenas por divertimento e porque tem piada, na capa de um jornal recorrendo ao Photoshop. Acho que é uma tremenda falta de respeito até para com a figura do senhor. E porquê?
É simples:
1 - ele é contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo e só promulgou a lei por questões de estabilidade;
2 - ele não é gay e tem uma família, incluindo netos e filhos que eventualmente tiveram um dia algo complicado depois de verem esta capa mas principalmente depois de os outros a verem;
3 - duvido que lhe tenha sido pedida autorização para fazer isto não numa imagem qualquer que circula net a fora mas na capa de um jornal lido por milhões de pessoas (sim, milhões!);
4 - o metro, barato ou grátis, caro ou de borla, é um meio de comunicação social lido e relido vezes ao dia por muita gente, portanto, como veículo de informação que é deve ser coerente, credível, sério e não uma qualquer espécie de revista cor-de-rosa, porque se trata ali de notícias e não de boatos.

Se calhar fui eu que acordei de mau humor e deixei-o ficar a dormir em casa no meu lugar, mas isto, para mim, venha quem vier dizer-me o contrário, era motivo para o senhor Presidente da República processar o Metro e pedir um pedido de desculpas formal na próxima edição do mesmo (ou seja, na edição de amanhã).
Peço desculpa pela falta de humor hoje. Se vos apetecer, fechem a janela ou enviem comentários a criticar o facto de eu estar "armada aos cucos" mas tenho direito à minha opinião e apenas a estou a dar. Eu até era para falar na Salada de Bacalhau com Grão mas vou deixar isso para amanhã que me parece mais lógico falar disto hoje.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Psicoses escritas e ditas

Há uma coisa que me apoquenta constantemente. Sempre tive uma psicose muito grande com erros de português, apesar de, volta e meia, também largar o meu. Geralmente é quando estou a comentar fotos que "já nem sei que lhes diga" ou a escrever coisas que "não interessam nem ao menino Jesus" (que, no fundo, já era um homem feito quando morreu e, quando pequeno, tinha mais interesse pela carpintaria... o que eventualmente poderá explicar o porquê de não lhe interessar).
Ora bem (expressão muito usada por um professor lá da ESCS que não vale a pena dizer o nome), vamos por partes, como diria Jack, o Estripador.

Primeira parte - Os come letras
Há pessoas que comem letras quando falam. Digo isto porque se nota que algumas pessoas têm uma forma de falar subnutrida na qual, enquanto falam, comem letras e às vezes até silabas inteiras.

Exemplo: Marlboro
Qual é a dificuldade de dizer Marlboro pronunciando todas as letras? Se as pessoas conseguem dizer Nuno Markl, Marília, MARL (Mercado Abastecedor da Região de Lisboa) ou Marlene (desculpa, tia!), porque é que comem o R e o L e às vezes até os dois? Eu era capaz de jurar que há pessoas que fumam todos os dias 4 marcas diferentes do mesmo tabaco. De manhã, depois do pequeno-almoço, vão ao café e pedem "É um Marlboro, por favor". Fumam o primeiro cigarro do dia e lá vão trabalhar. Chegam ao trabalho, depois de levar com o suor daquelas pessoas que às 8 da manhã já cheiram mal e deixam uma pessoa mal disposta logo no autocarro, e o colega da secção de Contabilidade pergunta-lhes: "Arranjas-me um cigarro? Ah! É Marboro? Também já fumei disso...". É o enjoo! Segue uma manhã de árduo trabalho e de ressaca psicológica por três minutos de sossego sem ouvir a Maria da recepção a conversar com a mãe ao telefone e por um cigarro. Ao almoço, depois de comido o esparguete com atum que se fez, já sem vontade de fazer nada, na noite anterior, vai-se ao terraço do edifício e fuma-se um cigarrito com o café da máquina do 1º andar (que dizem que é melhor do que o da do último piso, apesar de serem da mesma marca... ou então é só para meter conversa. Foi o que me disseram no elevador!). Chega a Marta dos Recursos Humanos e exclama como se fosse uma pessoa de extrema inteligência: "Sabes que fumar mata? E essa porcaria do Malboro tem uns aditivos que já ouvi dizer que são ainda piores!". Se fosse eu, perdia logo a vontade de fumar e deixava o vício logo ali. Mas a coisa ainda piora! Por volta das 18 horas, quando se chega a casa, está a empregada a ir embora, depois de uma maratona de Fátima Lopes ao abrigo da nossa conta da electricidade. E diz ela assim, entre os parcos dentes que lhe sobram na boca: "Olhe que encontrei ali um pacote de Maboro que deve ser seu!". É A MORTE À BEIRA DO ABISMO!!! QUATRO MARCAS NUM MESMO MAÇO DE 20 CIGARROS???
Mas há outros flagelos iguais... Como é o caso do Pograma e da Runião! É que a empregada não esteve a ver a Fátima Lopes apenas, esteve a ver algo de sobre-humano que dá pelo nome de POGRAMA enquanto eu estava numa RUNIÃO! O "Pufessor", que deve ser o tipo que faz Puffs e nas horas vagas é docente, devia ter-lhes ensinado que as letras só se comem na sopa mas tocou para o intervalo e já ninguém o ouviu.

Segunda Parte - Os troca letras
Posto isto, resta dizer que a senhora que apresenta o dito espectáculo se chama, na verdade, Fátema e não Fátima. Quando eu era miúda, na terra do meu avô, havia uma família em que a mãe, muito boa pessoa, tinha a triste infelicidade de ter de cuidar, já em idade de pós-reforma, de três irmãos todos eles com alcunhas estranhas. Um era Cão Velho desde novo, o outro não me lembro e o de que vos vou falar dava pelo nome, segundo pronuncia das pessoas, de Corvinho. Quando o senhor morreu, há uns anos, descobri que não era Corvinho coisa nenhuma! No norte, eu ouvia "Corbinhe" ou "Corbim" e pensava "É corvinho, só pode!" e era o que lhe chamava. Mas, na realidade, aquilo virou alcunha porque as pessoas não sabiam dizer o nome dele que era, nem mais nem menos do que... Querubim! Não que ele fosse um anjo mas, se eu passasse a vida inteira a ouvir chamarem-me por um nome que não era o meu, pedia a beatificação imediata pós-morte da minha pessoa. Eu não, quem cá ficasse teria que a pedir, claro que, como diz o meu avô, quando morrer não vou, os outros é que me levam.
Como estes dois exemplos, há também o velho "Há-des cá vir" que deve ser alguma menção ao senhor dos infernos; o "Vocês hadem ver", que vem na mesma lógica mas já numa forma mais sofisticada; o "É só controlar a rotunda" porque é suposto sairmos do carro, fazermos de sinaleiro e só depois, sim, voltarmos ao veículo e contornarmos a rotunda como é de lei; entre tantos e tantos outros casos de que nem vale a pena falar senão perco a fome para o jantar.

Terceira e última parte - Os prefixionistas e os sufixionistas
São duas raças da mesma espécie de indivíduo. Os que prefixam de mais e os que sufixam de mais. No norte, e não censuro ninguém, ninguém se chama Ana ou bebe água. Na verdade, a quando do baptismo, a moça, cristãmente, passa a chamar-se Iana e o padre baptiza-a usando Iágua Benta. Há ainda a variante da Auga que é mais rebuscada mas também se usa. Eu já vi uma pessoa também escrever Voi e Baca num caderno mas não digo quem foi. Há aqueles que não só ouvem como atingem o orgasmo enquanto o fazem que são os que "Escoitam". Quantas vezes ouvi lá naquela tal terra do Querubim a expressão: "Cala-te e escoita!". As pessoa não vêm antes vêm "inhantes" ou "aquando a mim" que é como quem diz "ao mesmo tempo que eu". E depois há as pessoas que pensam que para falar brasileiro é só acrescentar o sufixo "tchi" no meio ou final. Tipo "Qui bonitchinho!" ou "O cara feiz um sketchi de comédjia" e por aí fora... Mas isto não são pessoas que me enervem, são pessoas que me fazem rir até... As que me causam urticária são as que dizem Vistes, Ouvistes, Fizestes, Comestes e outros afins... Em que pessoa está conjugado o verbo??? "Ouve lá, fizestes figura de ursa quando abristes a boca!" e eu respondia "E tu acabaste de seguir o meu exemplo!".

E pronto... Pior do que isto, só mesmo as pessoas que escrevem "às veSes", "Ás de cá vir" e "Apresenta-mos o relatório". Há lá coisa pior do que o mau português? Começo a achar é que eu é que estou errada, porque já me dizem que tenho mau feitio e que é mau da minha parte corrigir as pessoas mas, se eu não as corrigir, elas continuam a dizer asneiras e, nalguns casos, quando falam ou escrevem para alguém que sabe ler e escrever, são motivo de riso. Opa, pronto... Se calhar escrever e falar mal é um acto de pura comédia que, na loucura da coisa, se instituiu no nosso país como um hábito e ninguém me convidou para a festa.

Desculpem lá o mau jeito... Mas tinha que desabafar isto antes de jantar senão os bifes de cebolada não entravam!

domingo, 16 de maio de 2010

Eu péssima amiga me confesso!

Descobri, hoje, por acidente, que sou realmente uma não má mas péssima amiga.
Fui fazer a minha passeata anual pela Feira do Livro do Parque Eduardo VII e resolvi pavonear a minha velha e praticamente em estado de decomposição mochila da Adidas com quase tantos anos como algumas amizades que foram postas, por outréns (e repare-se no outréns como não uma gralha nem uma ausência de conhecimento profundo de português mas sim como uma forma de manifestar indiferença pela falta de coerência alheia) no caixote do lixo e resolvi demorar-me pela mini-feira Leya que se instala todos os anos (pelo menos nos últimos) no final das duas primeiras filas do lado direito (de quem vai de 36 para o Marquês e não fica meia hora à procura de lugar... a não ser para encontrar um sítio onde sentar que não morda as pernas nem tenha crianças amedrontadas com Jonnys, Thomases ou Olivers acompanhados de senhores de cariz larilas que ameaçam processar pais cuidados com a educação animal dos seus filhos mariquinhas).
Ora bem, e não perdendo mais tempo com pormenores que não interessam para nada, vamos ao mote.
Dizia eu, e bem, que sou uma péssima amiga. Depois de petiscar o meu almoço gourmet, descobri que, pelas 16h, estaria a dar autógrafos nesse espaço que diz "Leya 4, Pague 3"(lá está, mais uma vez: não é mau português - são trocadilhos de cariz eloquente, académico e quiçá até... digamos... never mind!) o autor de um livro que estava há tempos para comprar. Pensei eu: Como má amiga que fui ao dar aquele livro à minha antiga (e não velha) ex-amiga (sim, porque existem as ex-mulheres, as ex-namoras, as ex-colegas e agora as ex-amigas também... qualquer dia haverá também as ex-conhecidas... mas isso ficará para outro capítulo!), resolvi dar menos dinheiro ao adquirir o meu... O preço foi cerca de 2 ou 3 euros mais barato, por ser a preço de capa, já que a dita rapariga foi apenas(segundo conspirações marcianas ou talvez até de indivíduos oriundos de Namec) cobaia para que não desperdiçasse o meu dinheiro em livros que apenas ficariam a encher-se de pó na minha estante desarrumada de exemplares de livros lidos com afinco.
Depois de me dirigir a um sanitário público do local (de onde havia saído cerca de 2 minutos antes uma senhora, que notoriamente nas últimas 24 horas tinha comido um cozido à portuguesa, uma feijoda à transmontana e uma cabidela, deixando um cheiro que deixou a moça à minha frente em lágrimas e quase a chorar baba e vómito [peço desculpa pela visão assustadora, mas foi real...]), regressei ao local, onde já se encontrava, depois de longa jornada parque acima, o jovem autor do dito manuscrito.
Bom, depois de contornar duas loiras, um fotógrafo, de quase ter atropelado três velhinhas e depois ainda de ter agredido uma criancinha com uma bola vermelha da coca-cola que nitidamente pesava mais do que o pequeno (devo dizer que eu tentei passar a bola à mãe mas a minha fraca pontaria de pé direito fez com que a dita fosse parar aos pés pequeninos do menino, que quase tombou [não a bola, que é redonda, mas o jovem!], FINALMENTE!!! Consegui sentar-me à direita do... ok, deixemo-nos de citações quase religiosas que podem ferir as susceptibilidades mais sensíveis ou maternais!
Bom, depois desta saga toda, para além de ter comprado o livro mais barato, já com a informação de que este era de real qualidade (ou seja, em português corrente: GOURMET), fiquei com um livro baratucho, bom e autografado pelo autor do mesmo... Ah! Para além de lhe ter dado duas beijas na barba por cortar e de ter chocado com os meus D&G nos seus óculos de sol!
Assim sendo, depois de muito reflectir, depois de ler as passagens do erudito autor sobre papel higiénico colorido, reciclado e idas à casa-de-banho em bombas de gasolina serem uma forma de conferir se o tuga lava as mãos ou não depois de esvaziar a sua (e não minha!) bexiga, cheguei à perene conclusão de que sou não uma má mas uma péssima amiga.
Resumindo: eu sou uma pessoa calculista e interesseira... pelo Natal, ofereci o dito livro à dita pessoa pagando o total montante de nota e meia de 10€; fiz a dita ler o livro(mijando-se... ups! urinando-se quase a rir com as piadolas do jovem que escreveu o livro), com a condição desta me dizer, posteriormente claro, se a qualidade do manuscrito era de valor ou com extrema ausência dele (coisa que a mesma não faria, claro, já que nem é uma pessoa que gosta de comentar piadolas...); depois disto, dei-me ao trabalho de calculadamente e de forma fria e quase vil comparar o livro, pagá-lo a preço de capa(vejam o desprezo pela mão de obra que foi gasta na leitura precoce do livro por parte da pessoa em questão) e ainda conseguir um autografo do conhecido autor do mesmo onde constam 3 palavras de cariz amoroso e quase fofinho (palavras essas que dão nome ao próprio livro também mas, aqui, no livro, escritas pelo próprio punho do autor e pela sua caneta de gel bico grosso azul).
Portanto, este tratado que aqui publico é, não somente mas também, um aviso a todos aqueles que se queiram tornar meus amigos do Facebook mas também aos que, por sua infelicidade e extrema desgraça, já são ou foram meus amigos na vida real: TENHAM CUIDADO POIS SOU UMA PÉSSIMA AMIGA, JÁ QUE NÃO DOU PRENDAS DO CHINÊS MAS LIVROS QUE, EM TEMPOS DE CRISE E NO NATAL, ATÉ SE PODEM CONSIDERAR DE MÉDIO PREÇO, INDO MAIS TARDE COMPRÁ-LOS, EM GRANDE DESAFOGO ECONÓMICO (COMO É A ALTURA DOS PAGAMENTOS DE IRS... NÃO É?) COMPRÁ-LOS A MAIS BAIXO PREÇO PARA MIM.

Se não se puserem a pau, qualquer dia em vez de ir fertilizar-vos as quintas, vou lá roubar-vos as galinhas e as vacas e vendo-as ao mercado negro já fatiadas!


O atestado de veracidade quase bem fotografado desta nota de qualidade duvidosa


Diga-se que, para quem se fartar dos comentários cruzados e estapafúrdios que vou fazendo ao longo desta reflexão, podem simplesmente não ler o que está entre parêntesis curvos...
Esclareça-se também que a aposta a que o jovem se refere nada tem a ver com este artigo mas com um pequeno desconto conseguido com muita lábia pela minha pessoa quanto a dois cafés que se encontravam a preço nada-de-crise!