domingo, 16 de maio de 2010

Eu péssima amiga me confesso!

Descobri, hoje, por acidente, que sou realmente uma não má mas péssima amiga.
Fui fazer a minha passeata anual pela Feira do Livro do Parque Eduardo VII e resolvi pavonear a minha velha e praticamente em estado de decomposição mochila da Adidas com quase tantos anos como algumas amizades que foram postas, por outréns (e repare-se no outréns como não uma gralha nem uma ausência de conhecimento profundo de português mas sim como uma forma de manifestar indiferença pela falta de coerência alheia) no caixote do lixo e resolvi demorar-me pela mini-feira Leya que se instala todos os anos (pelo menos nos últimos) no final das duas primeiras filas do lado direito (de quem vai de 36 para o Marquês e não fica meia hora à procura de lugar... a não ser para encontrar um sítio onde sentar que não morda as pernas nem tenha crianças amedrontadas com Jonnys, Thomases ou Olivers acompanhados de senhores de cariz larilas que ameaçam processar pais cuidados com a educação animal dos seus filhos mariquinhas).
Ora bem, e não perdendo mais tempo com pormenores que não interessam para nada, vamos ao mote.
Dizia eu, e bem, que sou uma péssima amiga. Depois de petiscar o meu almoço gourmet, descobri que, pelas 16h, estaria a dar autógrafos nesse espaço que diz "Leya 4, Pague 3"(lá está, mais uma vez: não é mau português - são trocadilhos de cariz eloquente, académico e quiçá até... digamos... never mind!) o autor de um livro que estava há tempos para comprar. Pensei eu: Como má amiga que fui ao dar aquele livro à minha antiga (e não velha) ex-amiga (sim, porque existem as ex-mulheres, as ex-namoras, as ex-colegas e agora as ex-amigas também... qualquer dia haverá também as ex-conhecidas... mas isso ficará para outro capítulo!), resolvi dar menos dinheiro ao adquirir o meu... O preço foi cerca de 2 ou 3 euros mais barato, por ser a preço de capa, já que a dita rapariga foi apenas(segundo conspirações marcianas ou talvez até de indivíduos oriundos de Namec) cobaia para que não desperdiçasse o meu dinheiro em livros que apenas ficariam a encher-se de pó na minha estante desarrumada de exemplares de livros lidos com afinco.
Depois de me dirigir a um sanitário público do local (de onde havia saído cerca de 2 minutos antes uma senhora, que notoriamente nas últimas 24 horas tinha comido um cozido à portuguesa, uma feijoda à transmontana e uma cabidela, deixando um cheiro que deixou a moça à minha frente em lágrimas e quase a chorar baba e vómito [peço desculpa pela visão assustadora, mas foi real...]), regressei ao local, onde já se encontrava, depois de longa jornada parque acima, o jovem autor do dito manuscrito.
Bom, depois de contornar duas loiras, um fotógrafo, de quase ter atropelado três velhinhas e depois ainda de ter agredido uma criancinha com uma bola vermelha da coca-cola que nitidamente pesava mais do que o pequeno (devo dizer que eu tentei passar a bola à mãe mas a minha fraca pontaria de pé direito fez com que a dita fosse parar aos pés pequeninos do menino, que quase tombou [não a bola, que é redonda, mas o jovem!], FINALMENTE!!! Consegui sentar-me à direita do... ok, deixemo-nos de citações quase religiosas que podem ferir as susceptibilidades mais sensíveis ou maternais!
Bom, depois desta saga toda, para além de ter comprado o livro mais barato, já com a informação de que este era de real qualidade (ou seja, em português corrente: GOURMET), fiquei com um livro baratucho, bom e autografado pelo autor do mesmo... Ah! Para além de lhe ter dado duas beijas na barba por cortar e de ter chocado com os meus D&G nos seus óculos de sol!
Assim sendo, depois de muito reflectir, depois de ler as passagens do erudito autor sobre papel higiénico colorido, reciclado e idas à casa-de-banho em bombas de gasolina serem uma forma de conferir se o tuga lava as mãos ou não depois de esvaziar a sua (e não minha!) bexiga, cheguei à perene conclusão de que sou não uma má mas uma péssima amiga.
Resumindo: eu sou uma pessoa calculista e interesseira... pelo Natal, ofereci o dito livro à dita pessoa pagando o total montante de nota e meia de 10€; fiz a dita ler o livro(mijando-se... ups! urinando-se quase a rir com as piadolas do jovem que escreveu o livro), com a condição desta me dizer, posteriormente claro, se a qualidade do manuscrito era de valor ou com extrema ausência dele (coisa que a mesma não faria, claro, já que nem é uma pessoa que gosta de comentar piadolas...); depois disto, dei-me ao trabalho de calculadamente e de forma fria e quase vil comparar o livro, pagá-lo a preço de capa(vejam o desprezo pela mão de obra que foi gasta na leitura precoce do livro por parte da pessoa em questão) e ainda conseguir um autografo do conhecido autor do mesmo onde constam 3 palavras de cariz amoroso e quase fofinho (palavras essas que dão nome ao próprio livro também mas, aqui, no livro, escritas pelo próprio punho do autor e pela sua caneta de gel bico grosso azul).
Portanto, este tratado que aqui publico é, não somente mas também, um aviso a todos aqueles que se queiram tornar meus amigos do Facebook mas também aos que, por sua infelicidade e extrema desgraça, já são ou foram meus amigos na vida real: TENHAM CUIDADO POIS SOU UMA PÉSSIMA AMIGA, JÁ QUE NÃO DOU PRENDAS DO CHINÊS MAS LIVROS QUE, EM TEMPOS DE CRISE E NO NATAL, ATÉ SE PODEM CONSIDERAR DE MÉDIO PREÇO, INDO MAIS TARDE COMPRÁ-LOS, EM GRANDE DESAFOGO ECONÓMICO (COMO É A ALTURA DOS PAGAMENTOS DE IRS... NÃO É?) COMPRÁ-LOS A MAIS BAIXO PREÇO PARA MIM.

Se não se puserem a pau, qualquer dia em vez de ir fertilizar-vos as quintas, vou lá roubar-vos as galinhas e as vacas e vendo-as ao mercado negro já fatiadas!


O atestado de veracidade quase bem fotografado desta nota de qualidade duvidosa


Diga-se que, para quem se fartar dos comentários cruzados e estapafúrdios que vou fazendo ao longo desta reflexão, podem simplesmente não ler o que está entre parêntesis curvos...
Esclareça-se também que a aposta a que o jovem se refere nada tem a ver com este artigo mas com um pequeno desconto conseguido com muita lábia pela minha pessoa quanto a dois cafés que se encontravam a preço nada-de-crise!

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